la vida no es una frutilla


sexta-feira, 12 de março de 2010

machista muderna

E foi então que no meio daquela conversalhada de mulher - umas provando roupa, outras vendendo joias, os assuntos indo da moda à cama, passando pela temperatura da cerveja e o tempero do pimentão (churrasco de mulher sempre tem muito mais variedade além da carne, apesar de a carne ser boa e incluir costela), silenciamos para escutar os argumentos dela, que vinha apresentando afirmações surpreendentemente machistas e conservadoras para uma trintona que joga futebol e sabe assar churrasco.
- Eu não admito rachar a conta no primeiro encontro! O homem tem obrigação de pagar tudo. Não é justo dividir, sabe por quê?
E foi a primeira vez que escutei uma explicação finaceiramente lógica, que me fez calar as acusações de machista à minha amiga:
- Porque antes do encontro, nós gastamos uma fortuna no salão para fazer as unhas, arrumar o cabelo, depilar, sem falar na roupa comprada especialmente para o encontro e a lingerie novinha.
Claro que ela exagerou um pouco, mas é verdade que a gente gasta dinheiro e tempo - bastante tempo - se preparando.
Mas uma das boleiras mais modernas e revoltadas com o machismo, pouco convecida pelo argumento, discordou:
- Que calcinha nova o quê! Usa aquela que foi presente do ex-namorado!

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P.S.
Foi quase consenso entre as presentes que está bem o cara se oferecer para pagar a conta, e que, se o cara vale a pena, elas puxam a carteira para pagar sua parte, mas se ele não vale, deixa que pague a conta - não faz mais que obrigação.


f.

terça-feira, 9 de março de 2010

de baratas ou cucarachas

Situação I - um date

Se conheceram numa tarde, ou manhã, de domingo. Ou sábado, ou segunda-feira. Era carnaval, isso com certeza. Fato é que seguiam o mesmo bloco e frequentavam os mesmos banheiros químicos, e nessas idas ao banheiro, em que se separavam dos amigos, encontravam-se, beijavam-se e conversavam brevemente. Numa dessas, antes ou depois do xixi, trocaram telefones. E no final da quarta-feira de cinzas, ou na quinta, ele ligou. Combinaram de sair. Em princípio era cinema, mas preferiram conversar e beber chope, ou cerveja, perto de casa. Coincidencia, estavam no mesmo bairro. Ela era estrangeira, detalhe importante. De repente, entre um gole de chope e uma batatinha frita, gritou estridentemente e subiu na cadeira, causando uma correria na calçada onde estava a maioria das mesas. O escândalo estaria adequado para uma invasão de ratos, não para uma barata solitária que ainda por cima andava devagar com uma das patas já pisoteada. Certamente não era australiana (a garota), percebeu-se pela sua falta de intimidade com a cuca (na Austrália dizem que há um problema sério de proliferação de baratas). O bar perdeu algum dinheiro na correria, ele quase perdeu a gata. Levou-a no colo até o carro - heroica sedução - convenceu-a a ir para sua casa. Entrando em casa, porém, foram recepcionados por uma dupla de baratas-tontas (tinham comido veneno e vinham morrer por ali). Ela nunca passou da porta. Nunca mais saiu com ele. Apparently, ele atraía as baratas.

Situação II - reunião psicótica

E no meio da discussão de um caso grave, paciente complicado, eu, que estava de frente para a "plateia" do auditório (já que é sintoma naquela instituição as pessoas não gostarem de sentar em círculo), avisto uma barata correndo entre os pezinhos das colegas à minha frente. A sorte é que, decerto por causa da chuva (certamente não por frio, pois o calor sege infernal em Porto Alegre), a maioria estava com os dedinhos protegidos por sapatos fechados. Algumas pessoas continuavam falando seriamente sobre o paciente em questão, enquanto eu segurei o riso o quanto pude diante da cena: a barata sendo avistada e perseguida pelos colegas na plateia (um sapateado com perseguição, que tentavam manter a discrição e matar a barata, sem sucesso em nenhuma das coisas), e o fato sendo ignorado pela nossa chefe e mais meia dúzia de pessoas à frente da plateia, por onde la cuca não passou. Só naquele auditorio mesmo...

terça-feira, 2 de março de 2010

folionas foleãs

todos os dias, elas saíam cedinho da cama com ajuda do calor e do sol que perfurava a veneziana, e começavam uma transformação diferente. ajudavam-se: costura aqui pra mim?, me pinta de marrom?, também quero glitter!, ficou direito?, usa isso aqui!, deixa que eu amarro pra ti., tá bom assim?, tá linda!, tá engraçadíssima!, tá ótima!. todos os dias, o café da manhã precedia os primeiros goles de cerveja, e almoçar era luxo. todos os dias, não fosse a cerveja e a malícia no olhar, eram criança outra vez: entravam na fantasia, pulavam na brincadeira, andavam rindo à toa apesar do calor, apesar das ladeiras, apesar dos kilômetros andados em passo de patinho. todos os dias, perderam a vergonha e a pressa, deixaram-se levar. jogaram(-se) a cada dia. também cuidavam-se umas das outras, era necessário passar protetor solar e beber água. fotografaram-se. telefonaram-se. perderam-se. (re)encontraram-se. no último dia, a euforia superou o cansaço e as noites de pouco sono. depois de 3 dias de descanço, continuaram porque ali ainda era carnaval... mas elas, elas tiveram que partir - o coração partido -. é que do rio é impossível ir embora sem ficar com aquele gostinho de quero-mais.

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