la vida no es una frutilla


domingo, 23 de setembro de 2012

Ainda somos os mesmos e vivemos...



Eu não sei explicar o que é que me emociona tanto nesta canção. Não sei por quê chorei tanto ao escutá-la na voz de Maria Rita esta noite no auditório Araujo Vianna. Pelo menos eu não era a única louca chorando, a própria Maria Rita teve que parar um tempinho até parar de chorar para poder continuar o show após os aplausos emocionados do público. Viva o rímel à prova d'água! Mas para emocionar mesmo, melhor a intensidade que só Elis, porque Elis, porque em  seu tempo, porque guerreira, porque louca, jovem e equilibrista... 



<3

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

quem dança seus males espanta

Eu sei que as pessoas me consideram extrovertida, sem vergonha e motoramente coordenada. Mas a verdade é que sempre tive vergonha de não saber dançar. E quem disse que dançar é algo que se sabe?, alguem diria, dançar se dança! Mas eu me importo. Acho que é preciso saber dançar, é preciso ter ritmo, então fico tão preocupada em sentir a música que esqueço de ouvi-la. Sempre fico tão tensa por não saber dançar, que não consigo dançar. E se alguém me disser Relaxa, sente a música!, fico tão preocupada em relaxar que só fico mais tensa. Quando criança, certa vez fui com minha prima - hoje bailarina - à aula de ballet. Aqueles 60 minutos de "pliê-sotê" foram a coisa mais chata que já fiz na minha infancia, passei a aula inteira sonhando com saltos mortais e paradas de mão no solo da Sogipa. Ah, como eu amava ginástica olímpica! A partir dos vinte e poucos anos de idade, tentei algumas vezes aprender danças de salão. Destas, o tango sempre foi minha preferida, e por isso lhe dediquei mais tempo, mas não o suficiente para conseguir parar de pensar em parar de se preocupar em fazer certo. E o pior é que eu adoro dançar! Foi então que descobri a dança contemporanea. Aquelas aulas malucas que depois de um longo aquecimento despertando muita consciencia corporal, apagam-se as luzes e a música, e ficamos nós, corpos dançantes, sentindo a chuva entrar por todos os sentidos e movimentando-se de acordo com as memórias do corpo. Dançar sem dois pra lá, dois pra cá. dançar com a alma. conectando-se sim com o espaço e os outros corpos que o ocupam, mas sem necessariamente um conduzir o outro. Sempre saio da aula de dança muito leve, muito feliz, e com tesão. Hoje saí caminhando na chuva depois dessa aula, com um sorriso inexplicável no rosto. E quando a chuva apertou e todo mundo se amontou debaixo de uma marquise, parei por um segundo.. e decidi não esperar a intensidade da chuva diminuir, e simplesmente me fui, caminhado no mesmo ritmo de antes, o sorriso virando risada, sei lá porque. 

E junto com a dança descobri um cantinho do bairro que já é meu. :)


qualquer dia desses.

todos os dias, L. sai de casa em seu carro pelo qual ainda está pagando sem saber se poderá voltar para casa de carro. L. estaciona o carro pelas ruas onde não há parquímetro, não há garagens, quando muito algum flanelinha que quase nunca está porque gasta qualquer trocado em crack. todos os dias, L. tem medo de não encontrar o carro onde o deixou, ou de ser vítima de um assalto.

J. vendeu o carro para adotar um novo estilo de vida. J. anda de bicicleta, a pé ou transporte público. todos os dias, J. sai de casa em sua bici sem saber se voltará para casa sem ferimentos. é perigoso andar de bicicleta nesta cidade sem ciclovias, onde os motoristas não respeitam os ciclistas, que por sua vez não respeitam os pedestres, que por sua vez não respeitam as regras do transito e estranhamente, quando estão dirigindo, não respeitam os pedestres.

C. não tem medo de nada ao sair de casa, porque não tem uma casa. todos os dias, C. preocupa-se em saber se vai chover ou fazer muito frio, porque não é qualquer marquise que segura a chuva nem qualquer beco que protege do frio. talvez C. não sinta o medo porque antes de o medo chegar C. se droga. e muitas vezes C. chegou a roubar para conseguir pagar pela droga. ou por um quartinho de hotel/motel onde dormir.    recentemente, amigos da rua convidaram C. para roubar um carro.

é comum pessoas absolutamente normais e tranquilas descarregarem todo seu estresse no volante. H. é uma dessas pessoas. H. dirige agressivamente, proferindo xingamentos, buzinas e gestos obscenos para motoristas, passageiros, pedestres e ciclistas. H. não acredita que um dia poderá causar um acidente, muito menos ser vítima de um. H. não tem medo do transito.

um dia L. distraiu-se no transito e quase atropelou J., que caiu com a bicicleta por cima de C., que ficou com ferimentos graves nas pernas e no rosto. a bicicleta também sofreu danos graves. Ao desviar, L. bateu o carro e teve despesas altíssimas. a raiva estimulou C. a aceitar o convite dos amigos e assaltar. roubaram o carro de H.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

vinteepoucos



quando a gente tem vinte e poucos anos tudo parece mais simples. não tem mais aquela ansiedade e aquela complicação da adolescencia. tudo é mais simples. aos vinte e poucos a gente tem o mundo ao alcance. de fato, todos nós fizemos aquela viagem aos vinte e poucos. sinto saudades de não ter medo. depois de um tempo algumas coisas vão deixando de ser tão simples, o comprometimento e a responsabilidade aumentam. ter vinte e poucos é estar apaixonado. é quando não se tem vergonha, não se está nem aí. sinto saudades de desconhecer o perigo, de simplesmente acreditar. é a idade da leveza, a idade de apostar e seguir.  aos trinta e poucos a gente tem muito mais ao alcance, mas muito a perder. as consequencias são mais graves. e a gente quer consequencias graves! aos trinta, como é bom ter com o que se preocupar! é a insustentável leveza do ser.  saudades de não ter cabelo branco, de não precisar se maquiar diariamente, de emagrecer muitos quilos em poucos dias, engordar muitos dias em poucos quilos, correr quilometros em poucos minutos, contar os minutos por calorias.  
sinto falta. 
mas, pela pequena amostra de vida balzaquiana que tive até aqui, já tenho tranquilidade em dizer... que se aos vinte e poucos a gente acha tá vivendo o melhor da vida, aos trinta a gente sabe.
e até essa saudade da década que passou é boa.



;)

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