la vida no es una frutilla


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Desabafo 27-31/01

Eu é que sei. Desta inquietude que me tira o sono depois da meia noite. Deste bolo de palavras embaralhadas que segura os olhos bem abertos, os dedos agitados, as ideias confusas e o coração um pouquinho acelerado. Eu é que sei. Como é difícil opinar sobre o público desde o mais íntimo. Como é difícil admitir o outro lado da moeda. Como é difícil engolir as injustiças que não foram comigo, mas que me afetam. Eu é que sei. Do peso de se deixar afetar. E do de tentar se afastar. Eu é que sei. Da insônia que não me deixa calar.

Eu queria falar da minha comoção quanto à tragédia que aconteceu em Santa Maria, da minha indignação com a sequência de cagadas que culminou em tantas mortes, queria lembrar dos vizinhos argentinos que passaram exatamente pela mesma coisa em 2005, os quais não tomamos como exemplo - e eu não lembro disso ter tido a mesma mídia aqui no Brasil há 8 anos, como está tendo no mundo o fato atual. Quando aprenderemos?

E eu queria falar da alegria de torcer pro Grêmio e comemorar vitórias sofridas, queria gritar que este ano jogaremos a Libertadores, porra!, e arriscar dizer que o Grêmio tem, sim, todas as condições para ser tricampeão este ano, mas a manchete do dia seguinte era a proibição da Avalanche. Fico feliz por ter participado daquela última no estádio Olímpico. Eu confio na criatividade da Geral para criar outra coisa logo logo, mas me preocupo com a imposição de acabar com as arquibancadas na Arena. Eu queria ter culhão pra defender a Avalanche numa hora dessas, mas não tenho coragem. Se chega a dar a merda de uma pessoa se ferir gravemente la no meio, ou chegar a morrer - mesmo que depois se descubra que morreu do coração porque tinha uma cardiopatia, e não por esmagamento porque foi atropelado pela Multidão -, as consequencias seriam gravíssimas para o Gremio, e as acusações de responsablização pela "tragédia anunciada" tomariam proporções galácticas. Acho que não vale o risco. É uma pena. Mas terminar com a possibilidade de a torcida assistir ao jogo de pé, cantando e pulando o tempo todo, colocando cadeiras em 100% do estádio, isto não é como arriscar uma vida, isto é arrancar a alma de 60000 frequentadores do estádio e de 11 jogadores cuja motivação maior é ouvir o canto da torcida, e quem sabe ouvi-la gritar seu nome.

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