la vida no es una frutilla


segunda-feira, 28 de julho de 2008

pra ti, tião!

eu cresci com aquela imagem do charmoso portenho vestindo qualquer coisa rosa-salmão-alaranjado, hábito que meu irmão esperta e rapidamente adotou na adolescência e até hoje.
e de fato, quando fomos à casa do juan, namorado da joceline, me abre a porta um Argentino*.


*Argentino, no dicionário: rapaz charmoso apesar do mullets no cabelo, vestindo blusão rosa-salmão-alaranjado.


as vitrines da legacy continuam iguais - as mais lindas camisas xadrez, e blusões em todos os tons do rosinha ao laranjão.

a propósito, vou fazer um corte portenho no meu cabelo. ;)

***

a qualquer momento

pode a conexão cair
pode a ligação ser cortada
podem se acabar os créditos do cartão
pode tua câmera estragar
podem te sacanear
pode faltar luz
pode chover
pode esfriar
pode o leite ferver e transbordar
pode ser que te assaltem
pode ser que tu menstrue
pode ser que tu engravide
pode a camisinha estourar
pode uma carta chegar
pode uma carta ser extraviada
pode a chave sumir
pode alguém te ligar
pode alguém te esquecer
pode alguém morrer
pode alguém chegar
pode ser que te fotografem
pode ser que tu não perceba
pode ser que te convidem
pode ser que tu não possa ir
pode ser que tu vá
pode tudo mudar


a qualquer momento


pode




!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Pavlov





:

Era tudo perfeito. Demais. A paixao nao cessava de aumentar. Nao tinha por que brigar.


Ela gostava do miolo, ele, da casquinha.

Ele adorava sashimi, ela, sushi.

Ele preferia cozinhar, ela, lavar a louca.

Levavam exatamente o mesmo tempo para beber um copo de cerveja.

Amavam cerveja em buteco de mesa de plástico, ambos.

Ela sempre topava estender a noite naquela pizzaria ou naquele café.

Acordavam no mesmo horário, sem mau-humor.

Mas. Sempre tem um mas.

Eram ciumentos. Ciúme doentio, sentiam um pelo outro.


:

Que foi, amor?

Como, que foi? Tu nao sabe o que foi?

Nao... que que eu fiz?

Aquele olhar.

Que olhar?

Tu fez aquele olhar pro meu amigo.

Como assim?? Tu tá com ciúme porque eu cumprimentei teu amigo?

Cumprimentou, nao! Tu fez aquele olhinho pra ele! Pensa que eu nao vi?

Ai...

--




Olha, nao da mais. Eu falei que nao ia dar certo essa história.

O quê, gatinha?

Tu sabe do que eu tô falando.

Juro que nao. Que foi?

Teu orkut.

Oi?!?

Os recadinhos, nao te faz de louco.

Nao sei do que tu ta falando.

Ou tu exclui aquela baranga do teu orkut, ou eu te bloqueio na minha vida.

Mas...

...




Mesmo assim continuavam bem. Nao brigavam de verdade. Achavam que quando finalmente morassem juntos, o problema se resolveria. Entao aguentaram mais um ano. Ela se formou. Ele mudou de emprego. Passaram a trabalhar no mesmo bairro, horários semelhantes. Nao tinha do que se enciumar. Dormiam na mesma cama todas as noites e todas as manhas de domingo. Mas. Só ficaram realmente tranquilos depois daquele dia. Quando ele acordou com uma coleira dessas de Pitbull no pescoco. A guia algemada à mao dela.







.






quinta-feira, 24 de julho de 2008

informe aos leitores

essa música que vocês ouvem vem dessa fitinha aí do lado.
quando botei ela aí, esqueci de formatar no modo shuffle, entao toca sempre a mesma música, mas você pode passar para a(s) próxima(s), bem como clicar no pause ali no meio, e a música nao te atrapalhará mais, caso nao goste.
beijocas

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Joao, Izaura, Stella e eu

"
ai, ai, ai, Izaura
hoje eu nao posso ficar
se eu cair nos seus bracos
nao ha despertador
que me faca acordar
(eu vou trabalhar)
-
O trabalho é um dever
todos devem respeitar
ô Izaura me desculpe
no domingo eu vou voltar
seu carinho é muito bom
ninguém pode contestar
se você quiser eu fico
mas vai me prejudicar
(eu vou trabalhar)
"
&

tardes de samba
e noites de jazz
tacas de vinho
e tapas de queijo
sofás de ócio
e tênis de caminhar
milongas de tango
e bares de vodka
calor de sol
e frio de vento de rachar
mantas de la
e lencóis de algodao
livros para ler
e telas em branco para escrever
vitrines de liquidacao
e desejo de gastar
sorvete de madrugada
e medialuna de manha
tudo de um pouco é nada
e um pouco de tudo é muito
~~

cerveja

°°

Entao a AmBev é a maior do mundo, é isso? Comprou a Quilmes e a Budweiser, ouvi dizer. Assim, a Quilmes tá quase igual a Brahma, que também é bastante vendida em Buenos Aires, nao só em bares e restaurantes brasileiros. Resta-me beber Stellinha, a Artois. Tem de litro e long neck. E nao se compra alcool em qualquer esquina aqui. Loja de conveniência em posto de gasolina, nem pensar. E o mercadinho do véinho aqui do lado nao poderia vender, muito menos depois das 22h, mas ele tem umas latinhas escondidas no fundo da geladeira, beeem geladas (o que também é raro por aqui).

Vez em quando é bom tomar uma cevinha ao chegar em casa, depois de um dia daqueles cansatiiiivos.

E por falar em vícios. Tenho resistido aos alfajores y tudo o mais da Havanna. Mas Vauquitas, confesso, como de vez em quando. É que as vezes tem que comprar qualquer coisa no kiosco, pra ter moedas pra pegar o bus. Mas o lance das moedas é pauta para ooooutro post.

--

domingo, 20 de julho de 2008

Plágio ou Pseudo-poema ao contrário

"


Vamos fazer o seguinte:
Você veste essa fantasia, e a gente cala.
Bota essa máscara, e a gente cega.
Desperta essa personagem, e a gente danca.
Tô querendo dar uma de performer, contornar a superfície. Tô cansada de me afogar em profundezas.
Mas sem o figurino, nao dá. Nao consigo imaginar.

Vem pro meu cenário, vem, pierrot!



"

FELIZ DIA DO AMIGO!!!

Aqui o Dia do Amigo é uma data supercomemorada, os diferentes grupos de amigos se reunindo o fim de semana inteiro, reservaram mesas em bares e restaurantes, fizeram parrilladas de amigos em suas casas (nós fomos, na casa do Juan, namorado da Jô, que já está aqui há mais tempo), com e sem troca de presentes. A coisa mais querida!
:D
Parece que a outra grande comemoracao deles é a entrada da Primavera. Nao me surpreende, pois depois de atravessar um longo inverno...
:)
E por falar em inverno, o frio já chegou. Sol e frio seco. Vento gelado na cara. Lábio rachado, nariz escorrendo, olho ardendo... Mas continuo adorando. Mil vezes morrer de frio no sol do que um clima cinzento e chuvoso!
::

PINGOS DE BUENOS AIRES

  • à meia noite, todas as rádios tocam o Hino Argentino. instrumental. nao me perguntem, nao sei porque.
  • muitos, mas muitos mesmo, carros andam com os farois apagados ou so a lanterna acesa, à noite. especialmente taxis. teoria: para economizar ou porque nao tem grana pra trocar as lampadas queimadas.
  • cocôs de cachorro pisados em todas as calcadas. entre eu e as gurias, ganha um premio aquela que vencer todos os meses de estadia em buenos sem pisar em um.
  • ana harb que me perdoe, mas a vida é feita de carboidrato aqui.
    cerveja em litro.
  • ¡carlos! (consiste em vodka, limao amarelo, gengibre e acucar - na borda do copo). surpreendeu, gostei.
  • horário de almoco = 14h. mais ou menos isso. muitos profissionais (inmobiliarias, por ex.) comecam a trabalhar mais tarde, tipo 10h (oh, povo civilizado!), almoca mais tarde e também encerra o expediente mais tarde (20h, por aí). ainda nao tive a experiencia, mas parece que nao se sai para danca antes das 2h30min.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

quinta-feira, 17 de julho de 2008

¡It's good to be happy!

Mais um lindo dia de sol e calor em Buenos Aires. Saio de bermuda, tenis, a camiseta da 'vaca que se ríe' e o inseparável casaquinho verde puma. Hoje nao vou tomar café no Liber da esquina, quero descobrir outros cantinhos. Hum, café padaria e confiteria, aconchegante, é aqui mesmo. Cheirinho de media-luna saindo do forno. Un café crema (con leche) y una media-luna, por favor. ¿Manteca o grasa? Manteca, aquela bem melada e doce. Amanha comeco a dieta. Um velho amarra seu cachorrinho do lado de fora do café e entra. Nao consigo identificar a raca do perro. ¡Good morning! ¿How are you? ¿Oi? ¿É comigo isso? Que que faz esse velho pensar que falo ingles, penso. Ele insiste, depois do meu tímido buenos dias. ¡Nice hat! Gracias. ¿Are you happy? ¡Yes, I'm happy! (quem nao estaria, acordar em Buenos Aires e tomar un café con media luna na Recoleta). Velho loco. Nao para de puxar assunto. ¿Are you a student? Sim, com essa bermudinha e este boné, só posso ser estudante. A cara amassada me entrega. I'm a psychologist. Cagada, nunca identifique-se como psicóloga a um homem. Ou ele vai ter medo da tua bola de cristal, ou, mais provável, dirá ¡A psychologist! I need someone who listens to my problems, ¿can you be my psychologist? Nao, velho tarado, eu nao tenho tempo para ser tua psicóloga, visto que estou aqui para estudar. Es-tu-dar, ¿entendeu? Mas o velho quer ser útil. You know, the owner of this restaurant has some apartments around here to rent for students, maybe he has one for you. Obnrigada, perguntarei por ele numa outra hora, quando o senhor nao estiver por aqui - o velho nao cala a boca, tadinho. Me conta que tem uma casa no countryside em NY, um apartamento na Recoleta e uma casa no country club de Buenos Aires. E um poodle. Feio. Usa um anel brega de ouro amarelo e brilhantes no dedo. O poodle cinza, velho como o dono, caga no meio da calcada. Claro que ele nao limpa. La cuenta, por favor. ¡No, it's on me, I insist! Gracias, pero no. It was nice meeting you. He hopes to see me around in the neighborhood.
,
OK, meu primeiro contato em Buenos Aires foi com um velho americano ex-stock broker.

...

À noite fui melhor. Eu e as gurias fomos ao nosso primeiro evento psicanalítico. Ironicamente, no auditório da Alliance Francaise (eu que passei a tarde pensando como Buenos se parece com Paris em tantos aspectos, me sinto em casa). Lancamento do livro La eficacia del psicoanálisis, com participacao do nosso tutor José Zuberman, nosso Papai Noel porteño. É um velhinho querido, que nos orienta e dá supervisao aqui. Arreglamos una cita en su consultoria el Martes 29 a la tarde. El 22, si quieren, hay un seminario de Karothy a la Escuela*, a las doce. ¡Sim, sim, aí já conhecemos a Escuela! Agora sim, Buenos Aires.


*Esculela Freudiana de Buenos Aires (EFBA)

sexta-feira, 11 de julho de 2008

circo-vida (brainstorm)

O circo é metáfora da vida
O circo dá lugar a quem não tem lugar
na sociedade]
O circo ressignifica e investe exatamente onde
parecia não haver possibilidade de investimento]
O palhaço-arte, elemento original da tragédia
e da comédia]
O palhaço, porque faz cômico o trágico
O palhaço como metonímia do circo
O malabarista-mãe
O equilibrista-neurótico
O trapezista-sujeito social
Os acrobatas-amantes
O apresentador-perverso (laço social)
A platéia como olhar constiuinte
O circo comporta famílias
Todo circense é cigano?
O desafio à morte
No circo todos falam a mesma língua
No circo não importa a origem ou etnia do artista
mas que lugar ocupa na engrenagem-espetáculo]
No circo sempre há espaço para o improviso. Deve haver. Se na vida não deixarmos espaço para o acaso, não vivemos.

Something(one)else - the song


Oh, sweet Mary
Don't you ever lay me
On that bad again

I met her last year
So charming and
So full of bright ideas

Never thought
I'd miss her so much
But I'm trapped now
Now I'm in love

There was no light
Just darkness
In and outside
There was no one else
Just Mary and I

The loud music in my ear
The clouds moving
above my head]
The sweet sundae
in my mouth]
Saved by an ice-cream

Oh, sweet Mary
Don't you ever lay me
On that bad again

Quando é que se sabe?

quando começa a andar, o carrinho está lá embaixo e vai subindo devagar e custosamente. tu sabe que a emoção da descida, o frio na barriga, está por vir. portanto, a subida é cheia de expectativas. na hora em que começa a descer, a diversão está em levantar os braços.soltar-se.se jogar! aí dá aquela vontade incontrolável de gritar. não de pavor.de prazer. é um medo alegre, o que precede esse momento. o looping é aquela chacoalhada quando tu fecha os olhos pra sentir apenas o vento na cara e a revoada de borboletas na barriga. a montanha-russa continua.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

silêncio

.
Já escrevi aqui sobre a sabedoria de se suportar um silêncio.
.
Bem, talvez a sabedoria esteja mesmo em silenciar.
.
Silenciar, diante do silêncio.
.
O mesmo silêncio que escuta.
.
Silêncio que reflete.
.
Silêncio.
.
Si lê.
.
Se.
.
.
.
.
.
Putz, escrever no blog sobre o silêncio é uma forma de não calar.
Falhei, no meu exercício de silenciar?
.
.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Tangos y Parrillas

un asado de tiras en puerto madero

alfajores Havana

(pecado)


!títeres



la 9 de julio
.
.
.
.
o que me espera... daqui a 1 semana
!! 1 semana !!
.
.
.
.
.
...a rodar mi vida...
.
o coraçãozinho tá
apertado de saudade, já,
mas tem um sorrisinho de satisfação
que não sai daqui.
chamam de amor, parece.
ai, ai

sexta-feira, 4 de julho de 2008

do outro lado

noite de são joão
noite de são joão
para além do muro
do meu quintal

do lado de cá
eu
do lado de cá
eu
do lado de cá
eu sem noite de são joão

-vitor ramil-

terça-feira, 1 de julho de 2008

Tem o hábito de dormir sem calcinha. Desde pequena. Camisola do ursinho Puff (antes de ele virar Pooh), sem calcinha. Estava de férias, o que lhe dava o privilégio de ficar dormindo mais um pouquinho depois que ele saía. Quando a fome bateu, viu-se obrigada a levantar. Abriu a geladeira, sonolenta ainda, e susto! Tinha algo se mexendo dentro da geladeira. Mexendo assim, rapidinho. Fechou. Abriu de novo. Puta merda, uma barata dentro da geladeira! Como é que a desgraçada foi parar dentro da geladeira? Desde que se mudaram para aquele apartamento, era aquele festival de baratinhas. Viram nascer toda ninhada, surgindo por cima do balcão da pia. Filhotes de barata são pretinhas, como um inseto qualquer, mata-se sem nojo. Mas a da geladeira já era adulta. Média. Mas já era marrom com antenas enormes e patinhas peludas, nojenta. Andava por dentro da gaveta das verduras. Dizia a zeladora que as baratas do apartamento eram herança dos chieneses que moraram ali antes, que não eram muito chegados a tirar o lixo. Não que chineses sejam porcos, mas aqueles, que tinham habitado o recinto antes, apreciavam as cucarachas. Bem, ela identificou a inimiga dentro da geladeira e rapidamente tirou o chinelo, disposta a matá-la. Estava sozinha, tinha que ser valente. De repente parou. Um chinelo no pé, outro na mão, camisola do ursinho Puff. Sem calcinha. Não, não podia matar uma barata sem calcinha. Nojento demais. Vai que a barata se assusta, voa, pousa bem ali? Fechou a geladeira. Calçou de volta o chinelo, foi se vestir. Nada a ver com os ursinhos da camisola, tinha era que botar uma calcinha. E já que estava se armando, pegou outro chinelo, assim teria os dois pés calçados para pisotear a barata, se preciso fosse. Agora sim, aquela desgraçada ia ver! Ora, entrar assim na geladeira dos outros. Abriu a geladeira decidida. Não a viu. Mexeu devagar na gaveta das verduras, arrá!, ali estava ela. Festival de movimentos imprecisos com o chinelo pelos cantos da gaveta. Medo de quebrar a geladeira ou de fazer a barata voar. Medo de esmagar a barata dentro da geladeira e ter que limpar. Passaria uma semana sem conseguir comer nada de dentro da geladeira. Sem poder guardar nada na geladeira. Saiu. A barata saiu de dentro da gaveta de verduras, foi correndo pelo lado de fora, e sumiu. Entrou no vão entre a geladeira e o armário (a geladeira era imbutida no móvel da cozinha, como se fosse um armário mesmo). Lá se foi, produzir novos filhotinhos. Ela nunca mais abriu a geladeira sem calcinha.

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