la vida no es una frutilla


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

sem nome

Achava eu que sabia brincar com as palavras. Ora, bobagem! Elas é que brincam comigo. Agora resolveram as letras se fixar nos quadradinhos do teclado, e não há o que faça delas um verso meu. Talvez não seja tempo de escrever poesia, Maria. Talvez seja tempo de dizer em gestos, olhares, abraços. Às vezes, os versos dão contorno às intensidades que não sabemos nomear. Mas, hoje penso, por que nomeá-las? Certos mistérios há que suportá-los. Certas intensidades há que simplesmente vivê-las.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Mandacaru





quando se joga, só pensa em se jogar
quando se protege, só pensa em se proteger
quando não esquece, só pensa em esquecer
quando desiste, só pensa em desistir
quando persiste, só pensa em persistir
quando resiste, só pensa em resistir
quando se apaixona, só se apaixona.

não pensa mais.


las cuatro fases de la luna



la luna que ilumina mi ventana es la misma luna que brilla en tu terraza. cuando la veo llena, la ves llena. cuando la veo nascer naranja, la ves nascer naranja. esa misma luna me trajo una sonrisa de luna menguante que se quedó alli. la misma sonrisa de luna menguante que llevas en la cara estos días. ironicamente nuestra luna se fue al mismo tiempo. se hizo nueva y me quedé acá con un montón de fueguitos... estrellas que apuntan a infinitos caminos. eligiste el tuyo, me tomé el mio. y a cada luna creciente se llena de alegría el corazón, porque sabe que la llena nos iluminará a nosotros donde sea...


terça-feira, 10 de setembro de 2013

dolor y placer II

sua pele rasgada de cortes dos mais rasos aos mais profundos. a pele frágil das cicatrizes onde o excesso de calor queimou. a força dos músculos que saltam quando levanta os braços. os frágeis cílios que ventam no cerrar e abrir dos olhos. aquele roxo sempre ali. as dores musculares sempre nos mesmos lugares. uma leve lordose. cheiro ou perfume em overdose. o som forte do coração que pulsa. o sorriso que estira a boca, comprime os olhos e enaltece as maçãs do rosto. o corpo que dói quando parado. o corpo que dói quando apertado. o corpo que dói quando sente. saudade.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

verso do avesso

hoje meu mundo despertou ao contrário
hoje meus olhos enxergaram o avesso das coisas
as palavras que hoje foram ditas
eram sílabas trocadas
hoje acordei sem norte
hoje o sol nasceu no oeste
e os nãos se fizeram sim
e para cada afirmação, um não
me levantei de um tropeço
cabeça abaixo
e no avesso do mundo provei
sabores inéditos
recantos inóspitos
ouvi cantos dos ventos
vi cores de flores no céu
no universo invertido de hoje entendi
que de avessos somos feitos
que de desejos são feitos os versos
inversos

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

a mi buenos aires





a paixão é mesmo brega...
esta minha ultima passagem por buenos aires foi tão boa, que foi difícil vir embora. embriagada de felicidade por ali estar, flutuei por suas ruas com aquele sorriso bobo que entrega, a paixão é brega. por mais distante que os aviões do longo trajeto de volta me levassem, eu insistia em quedarme por allá, e nesse intento escrevi. daquele jeito sem filtro que só a breguice dos apaixonados permite, teci em versos minha declaração de amor pela capital porteña. ficaram tão, mas tão bregas, que nem roberto carlos cantaria meus versos. portanto, em vez de publicá-los, decidi comentá-los.






domingo, 28 de julho de 2013

errantes

vamos errando. errantes nos perdemos e perdidos (nos) descobrimos (o novo). na errância nos distanciamos, e distantes aprendemos o valor do que realmente importa. seguimos errando, porque errar é viver. com sorte, erramos acompanhados. e felizmente, nas descobertas da errância, experimentamos sensações que nos dão a ilusão de que acertamos. e aí seguimos errando naquela direção. sensação bem boa, achar que nos encontramos.


sábado, 27 de julho de 2013

inverno

o vento assovia a canção
que anuncia a chegada
da estação mais fria
um sussurro de inverno

a água da chuva
te levou para longe
e do outro lado do vidro
cada pingo que pousa
é uma lágrima que escorre





sexta-feira, 5 de julho de 2013

Deixa

Uma deixa em tempo
Foi deixada no ar
Era a deixa de agir
Mas deixou passar,
Passou o tempo da deixa
E ela sumiu.
Passou o tempo do ato
E se deixou calar.

domingo, 30 de junho de 2013

paixões



Às vezes a saudade não é de alguém ou de alguma coisa, mas da sensação que causava.
Como a saudade do frio na barriga de uma primeira vez.
A saudade de uma viagem, por exemplo. Voltar ao mesmo lugar não basta, é preciso reviver sensações.
Mas a saudade das primeiras vezes são incuráveis. Não tem como viver algo DE NOVO PELA PRIMEIRA VEZ.
Ou é de NOVO, com sensações novas, ou é inédito. E só a noite de estreia tem sabor de noite de estreia.
E tem coisas que não se vive mais de uma vez na mesma vida. Sorte de quem acredita em outras vidas... é reconfortante pensar que viveremos de novo pela primeira vez o nascimento, o primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira vitória, e tudo aquilo que dá uma saudade incurável.
Eu gosto dos filmes que me causam coisas diferentes a cada vez. Gosto dos livros que nunca são o mesmo cada vez que leio. Gosto das viagens que me desacomodam de alguma forma.
E morro de saudade de chegar à beira do Sena pela primeira vez e me dar conta que aquilo tudo era muito mais do que cabia na minha imaginação.


terça-feira, 11 de junho de 2013

Ele tem um olhar tão obscuro e profundo que me captura mesmo quando não cruza com o meu. A crueza com que ele me apresenta a morte me captura. Eu não questiono, exploro. É como um túnel muito muito longo, onde só eu acreditasse que há luz no final. E que o caminho da luz está na escrita. Tiraram a cadeira debaixo de mim, saí do lugar. Despenquei (antes fosse como a Alice no buraco atrás do Coelho, quem dera encontrar um País de Maravilhas ali). Não era mais a respeito dele aquilo tudo...(nunca foi?!) Era de mim que estávamos falando. Por isso o mal estar. Senti no corpo a dor da verdade, aquele silêncio, depois a explosão de raiva. E as minhas palavras? De onde saíram aquelas palavras? Foi o tempo de inspirar e na expiração saiu o ar e todo o resto impensado. Eu não quero saber quais serão as consequencias, imaginei as piores. Escuridão.
Aprender dói.
A letra corta (a pele).
E há quem diga que a salvação está na palavra...

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Meta___

Sonhou de novo o sonho em que sonhando lembrava de ja ter sonhado aquele sonho. Tentou em vao lembrar do sonho. A unica coisa que lembrava, era de no sonho lembrar de ja te-lo sonhado e inclusive lembrado de ja te-lo sonhado...

Acordou de novo sem ter sonhado, ou melhor, sem lembrar de haver sonhado. Que sonho tao terrivel seria digno de ser esquecido? Que tanta forca tinha esse sonho, para apagar-se assim tao rapido?

Escreveu de novo sobre as mesmas coisas. De outro jeito, com outras palavras, sob uma nova ótica. Mudando o olhar mudou a escrita, mudou a percepcao das coisas. E percebeu que ja nao era sobre o mesmo que escrevia. Percebeu que ela mesma ja nao era a mesma.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

El mundo

Un hombre del pueblo de Neguá, en la costa de Colômbia, pudo subir al alto cielo.
A la vuelta, contó. Dijo que somos un mar de fueguitos.
, El mundo es eso - reveló -. Un montón de gente, un mar de fueguitos.
Cada persona brilla con luz propia entre las demás. No hay dos fuegose iguales.
Hay fuegos grandes y fuegos chicos de todos los colores. Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del viento, y gente de fuego loco, que llena el aire de chispas. Algunos fuegos,
fuegos bobos, no alumbran ni queman; pero otros ardem la vida con tantas ganas que no se puede mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se enciende.


Galeano.Abrazos.1.

terça-feira, 2 de abril de 2013

la tortuga y el zorzal

 
 


A grande tartaruga voltou para o mar. Na imensidão solitária da massa infinita de água, naquele mundo que os seres da terra ignoram e por isso jamais compreenderão, a velha tartaruga avança rapidamente com suas nadadeiras - tão inseguras e lentas na areia, tão ágeis e fortes na água. Deixou enterradas na areia as vidas que não viverá. A tartaruga voltará ao litoral para testemunhar suas esperanças romperem a casca do ovo e fracassarem - a maioria delas - no perigoso trajeto pelo terreno infértil do castelo de areia até a liberdade condicional do oceano. Rumo ao fundo do mar, onde a liberdade é só, a tartaruga e suas esperanças nadam desesperadamente, a fim de se afastarem da superfície sufocante, onde o sol penetra intenso, e os seres da terra e do fogo trocam calor entre si. Vagarosa, a tartaruga sem pressa depositava com frieza suas esperanças no solo gelado do amanhecer, enquanto os seres do ar esquentavam ninhos montados com de restos de vida para aquecer suas esperanças, dois a dois.




 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Primeira

Escrever com receio,
escolhendo cuidadosamente cada palavra,
é como arrancar o carro com o freio de mão Puxado:
Não dá.

Solta o freio!

#sejoga

quinta-feira, 7 de março de 2013

08 de Março. Dia da Mulher. Que mulher?!

Mais um 08 de março chegando, mais um Dia da Mulher sendo celebrado. É dia de receber mensagens dos amigos homens dando os parabéns às suas mulheres mais queridas, é dia de comprar cosméticos em promoção, e eventualmente, de ganhar alguma flor, de preferência uma rosa vermelha. Neste dia os homens lembram-se de ser mais gentis e atenciosos, e de tratar as mulheres como o sexo frágil sem fossem todas especiais. 
Eu, que já nasci numa realidade bem diferente, que não precisei ser operária nem lutar por igualdade de salário e melhores condições de trabalho, porque os psicólogos homens que trabalham na mesma área que eu têm um salário igualzinho ao meu, celebro este dia apenas em respeito às operárias que lutaram e às mulheres que ainda lutam por seus direitos. Mas, pra dizer bem a verdade, eu me entristeço um pouco com esta data especial quenos deram no calendário. 
Acho que depois de 1968 a coisa ficou muito complicada pra nós, mulheres. 400 malucas queimaram sutiãs num concurso de beleza, em protesto contra a visão cultural da beleza feminina, que elas consideravam opressora, e de repente ficou muito difícil se comportar como mulher. Em tempo: sabia que elas nunca queimaram os sutiãs de verdade? Não teve fogo, e não eram apenas sutiãs. Era uma pilha de sapatos de salto alto, batons, sutiãs, maquiagens, cílios postiços, sprays de laquê, espartilhos, enfim, objetos que as ativistas consideravam ícones da opressão às mulheres. Daí nós, das gerações seguintes, resolvemos achar bonito deixar a sombrancelha grossa, andar vestida de menino, trabalhar como machos, passamos a idealizar a independência e a fingir que não nos importamos com casamento, porque é coisa do passado. 
Foi aí que nos perdemos. Agora a mulherada bota toda essa banca de origem feminista, mas não sustenta. E em vez de nos orgulharmos das antecessoras russas que lutaram pelos direitos das mulheres lá em 1917,  só queremos ganhar mais e mais rosas vermelhas e nos sentir especiais. Não apenas dia 08 de março, mas todos os dias. 
No fundo, todas querem ser meio sexo frágil.



domingo, 3 de março de 2013

Bicicleta sem rodinha se parar de andar cai

De repente, acorda tarde num domingo nublado e silencioso e percebe: ainda nao parou. Semanas, quase meses, se passaram sem que tenha passado um minuto sequer fazendo nada. É preciso estar muito em paz consigo e com o mundo para se permitir um momento contemplativo. Este momento virá certamente quando não puder desfrutá-lo, como defesa de fazer algo necessário ou urgente. Porque é assim que acontece com as pessoas (as neuróticas).

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Desabafo 27-31/01

Eu é que sei. Desta inquietude que me tira o sono depois da meia noite. Deste bolo de palavras embaralhadas que segura os olhos bem abertos, os dedos agitados, as ideias confusas e o coração um pouquinho acelerado. Eu é que sei. Como é difícil opinar sobre o público desde o mais íntimo. Como é difícil admitir o outro lado da moeda. Como é difícil engolir as injustiças que não foram comigo, mas que me afetam. Eu é que sei. Do peso de se deixar afetar. E do de tentar se afastar. Eu é que sei. Da insônia que não me deixa calar.

Eu queria falar da minha comoção quanto à tragédia que aconteceu em Santa Maria, da minha indignação com a sequência de cagadas que culminou em tantas mortes, queria lembrar dos vizinhos argentinos que passaram exatamente pela mesma coisa em 2005, os quais não tomamos como exemplo - e eu não lembro disso ter tido a mesma mídia aqui no Brasil há 8 anos, como está tendo no mundo o fato atual. Quando aprenderemos?

E eu queria falar da alegria de torcer pro Grêmio e comemorar vitórias sofridas, queria gritar que este ano jogaremos a Libertadores, porra!, e arriscar dizer que o Grêmio tem, sim, todas as condições para ser tricampeão este ano, mas a manchete do dia seguinte era a proibição da Avalanche. Fico feliz por ter participado daquela última no estádio Olímpico. Eu confio na criatividade da Geral para criar outra coisa logo logo, mas me preocupo com a imposição de acabar com as arquibancadas na Arena. Eu queria ter culhão pra defender a Avalanche numa hora dessas, mas não tenho coragem. Se chega a dar a merda de uma pessoa se ferir gravemente la no meio, ou chegar a morrer - mesmo que depois se descubra que morreu do coração porque tinha uma cardiopatia, e não por esmagamento porque foi atropelado pela Multidão -, as consequencias seriam gravíssimas para o Gremio, e as acusações de responsablização pela "tragédia anunciada" tomariam proporções galácticas. Acho que não vale o risco. É uma pena. Mas terminar com a possibilidade de a torcida assistir ao jogo de pé, cantando e pulando o tempo todo, colocando cadeiras em 100% do estádio, isto não é como arriscar uma vida, isto é arrancar a alma de 60000 frequentadores do estádio e de 11 jogadores cuja motivação maior é ouvir o canto da torcida, e quem sabe ouvi-la gritar seu nome.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Buenos Aires

A pior parte de chegar a Buenos Aires é desembarcar em Ezeiza. A gente não CHEGA NUNCA! É a fila de 1h para Imigraciones (Mercosur), a fila de no mínimo 20min para passar as malas no raio X (a esta altura a pessoa já nem pensa em entrar no freeshop), fila para o taxi, a caixa do bar que não tem troco... Enfim, a CHEGADA toda demora mais do que o voo POA-BUE.

A parte que mais gosto de CHEGAR a Buenos Aires é abrir a porta do prédio na esquina da Av. Libertador com a Libertad com a minha chave, :) entrar no Lib Lib... e me sentir moradora da cidade.. Ainda (de novo).


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

E se...?

Todo mundo vive uma vida paralela na qual imagina como teria sido se...

Mas pô, E SE a gente vivesse a simples tranquilidade de cada escolha, sem a ansiedade dos "e se"?!

Talvez devêsemos ter a oportunidade de experimentar o mundo paralelo, só para ter certeza de que não seria melhor. Em muitos aspectos, não seria nem sequer diferente, posto que o protagonista seria o mesmo.



Inspiração decorrente da leitura pulsante de O mundo pós aniversário, de Lionel Shriver. Baita livro!

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