la vida no es una frutilla


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

De relacionamentos e penalizações

O timing é mais importante do que normalmente se considera. Imagine cozinhar sem timing, por exemplo. A massa já cozinhou e a pessoa ali, recém descascando a cebola pra fazer o molho; os convidados famintos e aquele costelão recém indo pro fogo; a maionese desandando e as batatas ainda nem foram pra panela. Dirigir também precisa de timing, coisa mais desconfortável andar de carona com aqueles motoristas que aceleram com tudo para ter que frear bruscamente dali a cem metros no sinal vermelho. E, pra variar, relacionamento também depende de timing.

Como este blog é campeiro, passemos ao exemplo do Freio de Ouro. Nas provas funcionais, existe uma penalização de até 50% da nota por antecipação de comando. Se o cavalo se antecipa aos comando do ginete, decidindo parar antes na esbarrada, por exemplo, recebe cartão amarelo e desconto na nota final. Já que o cartão amarelo entrou na estória, pensemos no futebol. O zagueiro que recebe cartão ou é expulso por dar um carrinho no adversário nada mais é do que um zagueiro sem timing, que se atrasou na jogada, ou estava mal posicionado, e teve que apelar pra violência de um carrinho na tentativa de alcançar a bola perdida.

No jogo do amor, também recebemos cotidianamente cartões amarelos e penalizações por falta de timing ou antecipação de comando, às vezes levando às mais duras consequências, como a eliminação do jogo. É antecipação de comando quando uma das partes exige o uso de uma aliança quando ainda é cedo de mais para se pensar em casamento; é antecipação de comando quando uma das partes ainda nem deu abertura e a outra já chega dando no meio; e é total falta de timing quando não se dá ao outro o tempo de desejar e já se chega oferecendo tudo.

Deveria existir um regulamento acessível a todos para facilitar os relacionamentos, certo? Não. Infelizmente, o encontro de duas pessoas é que faz o regulamento. O cara que sempre se antecipava ao comando pode encontrar uma mulher tão ansiosa quanto ele, e os dois construírem um lindo matrimônio, com ou sem a antecipação da separação, por exemplo. (Não confundir antecipação de comando com ejaculação precoce). Feliz ou infelizmente, o jogo do amor não tem regras universais, embora as estórias muitas vezes se pareçam. Se mesmo as técnicas de doma não funcionam exatamente do mesmo jeito com todos os cavalos, pois cada animal tem seu tempo... Nós também temos nosso tempo, o timing de cada um (Lacan diria tempo lógico), e não é fáci encontrar quem acompanhe o ritmo. Por isso a metáfora da doma: fica um querendo encaixar o outro no seu (ritmo). Voltando a Lacan, 'é preciso fazer trotar o cavalo selvagem no redondel: não galopar desgovernadamente, senão trotar'.



(é possível que eu tenha me antecipado ao comando na publicação deste post, a ideia não foi bem trabalhada e já veio parar aqui. mas, estamos aí pra isso: aprimorar as teorias!)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

fffffffffffffffffffffff!!!!

encontrei a julia esses dias. comentei das fotos daquela nossa viagem ao rio, tentei descrever o quao engraçada ela estava nas fotos. mas tem coisas que só vendo. e nem ela sabe que se fez uma RQ legítima naquela noite.


noche de gabriel garcia marquez

me sentí como una hija más de la familia buendía. yo, alejandra maría buendía, nieta de ursula buendía. como si la lluvia nunca hubiese cesado de llover durante los ultimos 999 días y mañana fuera el apocalypse. sentía que aquella fiesta nunca se terminaría, pero nadie más se preocupaba con irse. yo, alejandra maría buendía, era la única a darse cuenta de que llovia por casi 3 años. aunque la cerveza se había terminado hacía mucho, aunque ya nadie tenía cigarrillos o fuego para ofrecer o pedir a los otros, aunque las conversas ya no cambiaran de tema, nadie más tenía consciencia del fin del mundo. todos seguían escuchando las mismas canciones y repetiendo las mismas bromas a cada rato, como si nada. ya ni me acordaba si mi auto estaba afuera o cómo había yo llegado a la fiesta. sabía que era imposible partir por la lluvia, que no se podía salir bajo el água. en la primera noche los dueños de la casa me invitaron a dormir, había lugar en su cuarto, pero no me hacía falta. otros invitados sí necesitaron dormir en el cuarto o sillón, después de tanta cerveza artesanal. me acuerdo que la cerveza tenía gusto a algo raro, no parecía cerveza. no pude decidir si me gustó o no, y cuando me preguntaron con seriedad qué opinión tenía de la cerveza, no pude decir nada más que "interesante". no hay nada más aburrido do que esas personas que siempre dicen de las cosas que les parecen "interesantes". es la cosa más estúpida que uno puede decir cuando no tiene nada a decir. y entre tanta gente desconocida y algunos amigos de mucho tiempo, yo comía mini panchos y miraba al reloj ansiosa. el pontero de las horas desaparició misteriosamente de mi reloj, y me costaba saber si lo de los minutos marcaba por la tercera o quinta vez la media hora aquella misma noche. 999 días y noches de lluvia, o 999 minutos, no importa, el niño me hizo vivir una noche como unos cien años de solitud.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

a gula e a luxúria

Os pecados capitais dificilmente vêm sozinhos, ninguém comete só um. A lúxuria, quando não está acompanhada da avareza, sucede à gula. Freud explica. Tem a ver com as zonas erógenas que ele mapeia ao longo do desenvolvimento do sujeito: oral, anal, genital. Nesta ordem. A sedução começa pela gula. Ou pela oralidade. Não é exatamente com um peitinho de frango grelhado e uma saladinha que se conquista alguém. Não é o básico que seduz, mas o supérfluo: uma taça de vinho ou champanhe (tem que ter alcool), sushi, chocolate Lindt (não me venha com Lacta), uma massa caseira com um molhinho de tomate e manjericão... às vezes a sedução oral começa na abordagem, antes da comida: Tem fogo? Me dá um cigarro? Ou só um peguinha...? Quer um Halls? (= convite para beijo). A analidade, se pensarmos para além do sistema digestivo, tem a ver com controle, poder e dinheiro. Daí a avareza. Mas este post é sobre a luxúria e a gula. A sedução pela boca, pelo estômago. O pecado da vaidade veste os grandes chefs de cozinha, que exibem seus pratos encantados para seduzir os gulosos. Todo homem que gosta de cozinhar sabe que tem tanto poder em suas mãos quanto os que tocam violão (essa já tá até ficando meio batida). E toda mulher que se entrega à luxúria de um desses é porque já pecou pela gula. Da cozinha para a mesa, e da mesa para a coisinha, é vapt-vupt. Não é à toa que além de transar, trepar, foder, também se diz comer. E tem casal que não se aguenta (já que a trema se foi, mesmo) e faz tudo ao mesmo tempo, coisinha, cozinha, mesa, entrada, prato, preliminares, sobremesa, mas isso é tema pra mais um "Sex and the city na vida real"...

Mais sobre a luxúria em "A casa dos budas ditosos" - João Ubaldo Ribeiro
Mais sobre a gula em "O clube dos anjos" - Luis Fernando Verissimo

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

negativas

aquele beijo que você não me deu
aquele perdão que você não me pediu
aquela festa em que você não apareceu
aquele meu aniversário que você não lembrou
aquele anel de noivado que você não me ofereceu
aqueles erros que você não admitiu
aquela conversa que você não quis ter
aquelas palavras que você não me disse
aquele amor que você não correspondeu

cansei de viver um futuro que não aconteceu

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Hobby



-E tu não tem medo de cair?
-Não.
-E da altura, não tem medo? Não é muito alto?
-Não, não é tão alto.
-E tem alguma proteção?
-Tem, claro.
-E o que que é? Rede, colchão...?
-A proteção é o Batman. Mas tem colchão também.


(Ah, tá)

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