la vida no es una frutilla


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Elas duas. Nós três. Nós duas. Ora, tantos nós

Lembro bem quando ela me convidou para um encontro no Muffuleta. Não sei porquê, senti um frio na barriga, como aqueles que se sente horas antes do primeiro encontro. Também senti um medinho, não sabia se poderia corresponder às expectativas dela. Ela, tão mulher, eu tão menina - cheguei descabelada, recém desenroscada do tecido, naquele tempo eu ainda era acrobata. Nos sentimos muito à vontade uma com a outra, era tudo muito natural. Mas revelou-se o verdadeiro objetivo daquela cerveja: me seduzir. Me convidou para morar com ela, disse que já vinha pensando em mim havia um bom tempo. Achou que eu seria uma substituta à altura daquela que saía. Antes de eu reagir ao convite, foi me dizendo as condições de pagamento, o valor do aluguel, um contrato verbal completo. Mas naquela época, eu não tinha como morar com ela nem com ninguém, infelizmente.
Pouco mais de 1 ano depois aconteceu algo parecido. Só que desta vez, ela foi mais ousada. Me convidou não só para morar na sua casa, mas para dormir na sua própria cama, ocupar o seu sagrado quarto, tomar banho no seu chuveiro. Diferente da segurança com que me fez o primeiro convite, ela também estavahesitante desta vez. Tanto quanto eu, que desta vez senti mais frio na barriga ainda, pois tinha todas as condições de dizer sim. E foi na sua festa de despedida, no apartamento dela, que fui me apropriando de cada peça da casa, enquanto os outros convivas conviviam e interagiam entre si, eu interagia com o jasmim, com a pequena churrasqueira na pequena sacada, com a enorme suíte lilás, e fui pensando que sim, gostaria de morar ali, e melhor, poderia muito bem morar ali, e mais, eu iria morar ali! Aqui. No baixo Petrópolis, com a menina-mulher que expõe fotos na parede, que crê na lei da reciprocidade, que toca violão e canta lindamente. Eu que sempre desejei conviver com mais violões e mais vozes cantantes, agora tenho uma room-mate, uma parceira pra ir ao cine domingo de noite, pra correr no fim da tarde, e pra cantar enquanto o jogo não começa ou enquanto ele não responde àquele torpedo.
E que 2011 continue evoluindo assim, com mais ousadia, mais música, mais silencio, mais sofá de casa, mais casa.
Salve, Cecília!
Salve, Carina!

2 comentários:

Unknown disse...

salve, maria!! salve o poder do encontro, da reciprocidade sempre presente, (se não na comunicação da distância) na corrida, no cinema, nas cantorias, nos silêncios do lar... casa que abriga o colorido todo de convivências felizes! somos duas, três, milhares... e esses Nós que nos unem!

A cega do Castelo disse...

Coração estourando e sem infartar. Estourar sem infartar!!!!!!!!!!!!!Que luxo!!!!!!! O luxo de quem faz apostas cegas, que cegam e abrem o melhor dos cinco (só cinco?) sentidos. Aleg(o)ria imensa de mais que sader,SENTIR, que um território pode ser bem povoado (intensificado) por xxs. Não tenho palavras, só sentidos pra riveirar mesmo de (quase) longe.

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