la vida no es una frutilla


quarta-feira, 11 de março de 2009

Pingos de Patagonia II

Nosso primeiro trekking de verdade, primeira experiência de acampamento na Patagônia, foi em El Chaltén. A caminho do fabuloso Fitz Roy, onde uma amiga minha jura ter visto um duende, lá fomos nós - a Cris, a barraca, nossas mochilas e nossos cajados - em direção ao "Campamento D'Agostini", em Cerro Torre, dormir a primeira noite. Levamos 5h para fazer a trilha de 3,5h.






Descobrimos, em algumas curvas, o poder do vento patagônico. É assim: tu levanta a perna pra pisar, e em vez de o teu pé cair na tua frente, cai pro lado e tu te desiquilibra, afinal, tem uma mochila gorda pesando no mínimo 12kg pendurada nas tuas costas. Também nessa trilha, vimos uma lebre correndo saltitante, e nos emocionamos com nossa proximidade da natureza, objetivo principal da viagem.




Na metade da trilha, começou a chover. E em menos de 1h caminhando dentro das nossas capas de chuva de dé real, descobrimos que elas custaram tão barato porque são descartáveis. Mais adiante, dedicaríamos a elas um clássico samba:


"...com você eu vivo a sofrer

mas sem você

vou sofrer muto mais..."


Finalmente chegamos ao camping. Abaixo de chuva. Começava a escurecer. A Cris desabafa aos berros:


"EU ODEIO CHUVAAAA!! ODEIO ACAMPAR COM CHUVA!!!"


Descobrimos que na nossa barraca entrava água. E fazia frio.




O que nos salvou foi que, entre as pouquíssimas barracas que estavam armadas ali, havia uma de onde vinha uma música, uns acordes de violão, e decidimos ficar por perto. Pois o dono de la guitarra sensibilizou-se com o desabafo da Cris, nos ofereceu ajuda, foi o primeiro entre tantos a rir do tamanho da nossa barraca enorme, mas também o primeiro a aproveitar-se disso, e foi assim que conhecemos Matias e Lucas, irmãos, portenhos, buena onda, que nos ensinaram que não necessariamente a barraca pega fogo se acender o fagareiro dentro dela, o que mudou a nossa vida, e nesse dia cozinhamos dentro da barraca, conversamos e cantamos até tarde, até que foi cada um pra sua barraca dormir e eu e a Cris descobrimos que já não entrava mais água na nossa carpa, mesmo com muita chuva, e que nossos sacos de dormir deveriam ser mais quentes, e que um vinhozinho faz muita falta hora dessas.




Matias

Lucas


O dia seguinte amanheceu chovendo. Eu tinha a nítida sensação de que aquela massa nebulosa estava presa naquele vale e que nunca mais iria parar. Nos levantamos tarde, não que estivesse gostoooso dentro do saco de dormir, mas faltava coragem para sair. Lá pelas 14h, decidimos voltar pro pueblito de El Chaltén e dormir no quentinho do hostel, e azar o do Fitz Roy porque com esse clima não ia dar pra enxergar pico nenhum mesmo. Por sorte a chuva deu uma trégua bem na hora em que desarmamos a barraca, e foi assim que aproveitamos cada cantinho do pueblito, sua cervejaria artesanal, sua padaria e confeitaria, seu super hostel Rancho Grande e a multidão de europeus, australianos e argentinos que o habitavam temporariamente.




2 comentários:

Donnassolo Beschi disse...

bah, que postagem gostosa, que fotos ótimas, a da barraca molhada então.... de grande presença de espírito, hehe.

donnassolo

alice disse...

esqueci de dizer no outro post: a cara da cris tá bem felizinha pra quem teve PÂNICO com o cavião, hen???

e o fitz roy... bom, o fitz roy é legal, mas tinha mesmo é ue andar sobre o glaciar perito moreno... vamos voltar pra lá juntas? e com dinheiro?

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