la vida no es una frutilla


domingo, 17 de julho de 2011

right after sunset

Pare para observar sua rotina de trabalho exaustivo e você provavelmente pensará que gostaria de ficar uns dias em casa sem fazer nada, mesmo que fosse em licença saúde e não de férias.
Experimente ficar de repouso em casa por mais de 2 dias e sua saúde mental começará a desandar. Você começará a sentir falta do trabalho, sentirá dor nas costas de tanto dormir ou ficar jogado no sofá, e especialmente, se lembrará de uma série de problemas e afazeres domésticos que estavam muito melhor guardados no fundo da sua psiqué do que aí na superfície. Você provavelmente tentará contato seus amigos, só que seus amigos têm que trabalhar. Então você fará contato com quem você provavelmente não deveria, e certamente se arrependerá depois. Depois de vários dias fazendo nada em casa, nem trabalhando, nem se divertindo com seus amigos, e muito menos bebendo um vinhozinho para enfrentar o frio, você passará a entender os suicidas. E a partir de domingo, a cada entardecer, você sentirá uma depressão profunda, um impulso de cortar os pulsos, uma vontade de dormir eternamente. Você terá plena compreensão de porque as pessoas costumam se matar em dias cinzas, ao anoitecer. E quando pegar no sono, você dormirá até muito tarde - e não é isso que os trabalhadores cansados desejam fazer numa segunda-feira? -, e ao acordar, se sentirá inútil e se deprimirá novamente. É hora de reagir. É hora de a mente obrigar o corpo a se curar na marra. É hora de desobedecer o médico e se livrar das pequenas tarefas domésticas, aproveitar o tempo livre para fazer aquilo que você nunca faz, enfim, é nessa hora também que você lembra daquele livro que poderia ter lido nos momentos de sofá. E quando a licença médica começa a ser finalmente benvinda e divertida, é hora de voltar a trabalhar.

Relato de uma doente.

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