la vida no es una frutilla


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Trotando no redondel...

Uma das coisas mais impressionantes e emocionantes que já vivenciei foi assistir a uma demonstração de Monty Roberts com um cavalo traumatizado. Foi em Brasilia, em 2010, graças à pilha da Marina, uma das pessoas com quem aprendi e compartilhei a experiência de ajudar cavalos a ajudarem pessoas na recuperação de sua saúde física e mental (Equoterapia).
O primeiro cavalo cuja confiança Monty Roberts conquistou no redondel era um potro chucro, e foi em pouco mais de 20minutos (vinte minutos!) que o ajudante do Mr. Roberts o encilhou e montou com facilidade. Mas o mais impressionante foi um enorme Cavalo Brasileiro de Hipismo, de pelagem preta, adulto, forte, bem criado na cocheira, bem domado e bom competidor, porém traumatizado. Esse cavalo não podia escutar qualquer barulhinho de plástico que perdia a doma. A hipótese de Monty é a associação do barulho do plástico ao barulho de choques, mas não importa, fato é que por alguma razão este cavalo sentia muito medo, e isso impedia de desfrutar da sua maior habilidade - o salto - e colocava em risco seu maior companheiro - o ginete. Era marcante a expressão aterrorizada no olhar daquele enorme animal ao entrar no redondel, e especialmente após o primeiro contato com uma sacolinha de supermercado enrolada na ponta de uma vara que Monty Roberts aproximou de seu lombo. Durante os vinte minutos em que fez o cavalo galopar para um lado e outro no redondel, Monty narrou alguns fatos traumáticos e difíceis de sua própria vida, os quais o ajudaram a se aproximar dos cavalos e compreendê-los. Ao cabo de uns 45 minutos, o cavalo seguia Monty Roberts por sobre uma enorme lona de plástico, com ou sem sacolinhas de supermercado por perto, guiado apenas pela relação de confiança que ali se estabelecera. Confiança mútua, cabe dizer. Porque acredito que um dos segredos do trabalho de doma racional é o domador confiar em seu trabalho, confiar que o cavalo compreenderá sua mensagem e não o colocará em risco. 
O cavalo é um animal sensível e semelhante aos humanos em muitos aspectos. Não à toa tornam-se mais do que amigos leais, por toda uma vida. Quando uma pessoa traumatizada não encontra um Monty Roberts - ou algo que substitua seu método - que a faça recobrar a confiança (em si e nos outros),  deixa de aprimorar suas habilidades e de aprender coisas novas. Coloca a si e aos seus companheiros (mesmo os mais leais) em risco. Deixa de desfrutar da vida, perde a espontaneidade. Perde-se. A exemplo de Monty Roberts, que encontrou em seus traumas a força motriz para desenvolver o seu método, hoje reconhecido mundialmente e transmitido não apenas como uma técnica de doma, mas como filosofia de vida, todos devemos deixar nossos traumas no redondel... e retornar à vida entregando-nos a toda a sua intensidade!








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