la vida no es una frutilla


terça-feira, 20 de janeiro de 2009

palavra de poeta


Há quem receite a palavra ao ponto de osso, de oco;
ao ponto de ninguém e de nuvem.
Sou mais a palavra com febre, decaída, fodida, na
sarjeta.
Sou mais a palavra ao ponto de entulho.
Amo arrastar algumas no caco de vidro, envergá-las
pro chão, corrompê-las
Até que padeçam de mim e me sujem de branco.
Sonho exercer com elas o ofício de criado:
usá-las como quem usa brincos.



(Manoel de Barros)

2 comentários:

Anônimo disse...

Humanizar as coisas, "coisiar" as pessoas. Também gosto dele.
"Palavras
Gosto de brincar com elas.
Tenho preguça de ser sério."
Besote "guriza"!
Marta

Super disse...

sempre bem-vinda, martinha!
:)

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