la vida no es una frutilla


sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

eu mereço...

Acordei às 10h35 da manhã, expulsa pela cama, pelo barulho, sei lá. Ontem não dormi tão tarde, mas já estava recostada na cama quando começou Laranja Mecânica. Nunca tinha assistido inteiro, sempre pedaços, acredita? Precisava sair de casa, respirar o ar da rua, bisbilhotar os acontecimentos de la Recoleta àquela hora. Ok, ok, não tô no coração da Recoleta, aqui já é Retiro, confesso. Fui tomar café no meu bom e velho café da calle Montevideo (aquele do velho tarado, lembra?), aquele capuccino delicioso e uma medialuna de grasa. Levei mais umas medialunas pras gurias e um pãozinho integral pra mim. Li todo o jornal, descobri que já está em cartaz o novo filme do DiCaprio, e que Vicky Cristina ainda não voltou ao telão. A Cristina Kirchner, esta sim, está por tudo. Parece que se curou da depressão só depois de se encontrar com o Fidel. Me encerrei em casa o resto da tarde estudando e me desesperando. Amanhã é dia 31. amanhã eu me prometi que terminaria a monografia. Falta bastante, mas até então eu estava confiante de que terminaria... Mas agora já não sei. Não sei, não sei, não seeeiii!!! Vontade de terapia. Vontade de colo. Vontade de sair correndo. Chove em Buenos Aires. Chove de verdade, finalmente, a água caindo do céu perpendicular ao solo, pesada, fazendo barulho nos telhados, chacoalhando as copas das árvores, molhando os gramados dos parques. Melhor, assim não tenho como sair correndo. Vou pegar uns livros emprestados com a Jô, no fim da tarde. Já parou de chover, mas vou de colectivo pra chegar mais rápido. No meio do caminho o bus estraga, todo mundo desce e espera o próximo. Eu, não: vou caminhando. Mas no meio do caminho tem a Persicco. Persicco = MELHOR SORVETERIA. No meio do caminho tem a Persicco, e na Persicco tem aquele sorvete de banana com doce de leite e tantos outros sabores que enlouqueço e... a diabinha-gordinha fica atucanando, que eu mereço, eu preciso, que é muito bom, que tenho me comportado, posso comer; a anjinha-saudável fica dizendo justamente, tens te comportado tão bem, por que estragar tudo com um sorvete gordo, nao faz isso, e o biquini, e aquele jeans que não entra mais; aí a diabinha lembra do sorvete de banana-split, e a anjinha perde os argumentos. No caminho de volta pra casa compro frutas de luxo, como cerejas e figos, e verduras para a salada. Resisto à Frutigran (melhooor bolacha integral), resisto aos alfajores, resisto a todos os doces. Chego em casa e as chicas já estão se arrumando para sair, ótimo, assim fico sozinha escrevendo minha monografia tranquilamente. Mas... falta alguma coisa entre eu, os livros e o computador. Falta... uma cervejinha! Vou lá, compro dois porrones tricolores (Quilmes, azul-preta e branca) clandestinos no kiosko (depois das 22h é proibido vender alcool a não ser em restaurantes, bares e delivery) e volto ao trabalho: agora sim, tô pronta pra virar a noite escrevendo...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

ESPERAR



O que importa é aprender a esperar. O ato de esperar não resigna: ele é apaixonado pelo êxito em lugar do fracasso. A espera, colocada acima do ato de temer, não é passiva como este, tampouco está trancafiada em um nada. O afeto da espera sai de si mesmo, ampliando as pessoas, em vez de estreitá-las.
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Ernst Bloch, “O princípio esperança”
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domingo, 25 de janeiro de 2009

Vício. Arte. Tradição.


Fazer o chimarrão é uma arte. Encher 2/3 da cuia com erva. Inclinar a cuia e acomodar a erva de um lado (tem lado certo), completar com água morna e deixar a erva inchando, com a cuia ainda meio inclinada. Servir o mate com água bem quente, mas ainda não fervendo. Colocar a bomba tapando-a no bico, e quando destapar, a água do mate tem que baixar um pouquinho - significa que a bomba não entupiu. Tomar o primeiro mate, ainda não tão quente, servir e passar o próximo para a direita. A espuminha significa que o chimas ficou perfeitooo
DELÍCIA


Sex and the city na vida real III

O Beijo I

Tem aquele amigo que é o bonitão da turma, divertido, sempre sai de língua de fora nas fotos. As gurias confabulam como será o beijo dele. A opinião é quase unânime: deve ser power-tongue. O beijo power-tongue é aquele em que o cara põe tanta força na língua pra beijar que quase mata a guria de asfixia. Numa daquelas festas de fim de ano, clima de despedida do colégio e tal, uma das gurias fica com o cara. No dia seguinte, todas querem saber E aí, como é que foi o beijo? Resposta óbvia: Enfiou tanto a língua na minha garganta que deu ânsia de vômito e acabei vomitando no colo dele. E o bonitão da turma deixa de ser o bonitão da turma, porque tem beijo power-tongue.

O Beijo II

O cara pegou a irmã do melhor amigo, e ainda quebrou o dente dela num beijo. O dente dele ficou intacto. Nunca mais pegou a irmã do melhor amigo.

Língua

Eu já vi fetiche por pé, por bunda, por peito, por pescoço, até por mão. Mas nunca tinha visto fetiche por língua. Aconteceu com uma conhecida. Ficou com o cara, lindo, 1,90m de altura, só achou meio estranho ele ter pedido pra ela mostrar a língua, quando já estavam no carro, deixando-a em casa. Ela pensou que, de repente, não tava envolvendo a língua o suficiente no beijo... Saiu com ele mais uma vez, pra dar uma chance. O cara não parou de pedir pra ela mostrar a língua. E não era botar a língua em lugar nenhum, era simplesmente mostrar a língua. Depois não entende porque que a mulher nunca mais saiu com ele...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

palavra de poeta


Há quem receite a palavra ao ponto de osso, de oco;
ao ponto de ninguém e de nuvem.
Sou mais a palavra com febre, decaída, fodida, na
sarjeta.
Sou mais a palavra ao ponto de entulho.
Amo arrastar algumas no caco de vidro, envergá-las
pro chão, corrompê-las
Até que padeçam de mim e me sujem de branco.
Sonho exercer com elas o ofício de criado:
usá-las como quem usa brincos.



(Manoel de Barros)

sábado, 17 de janeiro de 2009

come away with me

Norah me acaricia


e sinto relaxar o corpo inteiro


os olhos semi-fechados


os lábios quase-sorriso


Quanto mais Norah sussurra

doçuras em meus ouvidos

quanto mais mexe seus dedos

tanto mais a quero




Norah me acalma


me inspira


faz-me lembrar


e esquecer também



Porque Norah é minha

nossa intimidade transcende


Norah me dá prazer

sempre








quem é a coisinha linda da titia?

foda. cresci jurando que eu nunca seria a tia chata que aperta as bochechas das crianças.
mas tem como resistir?




BLERGS!!

O que pode ser mais nojento do que pisar num cocô de cachorro?
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Chutar um cocô de cachorro fresquinho, DE HAVAIANAS!!
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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

cantadas portenhas I

Caminhar em Buenos Aires tem um divertimento à parte: a criativadade e a dramaticidade das cantadas dos portenhos. Especialmente os operários e mecânicos (no caminho pro Ameghino, onde trabalho, há um monte de lavagens, concessionárias e oficinas mecânicas), eles se puxam. Enquanto no Brasil escuta-se "Cheirosa", "Gostosa", aqui as cantadas são de outros nível "Ay, mi amor", "Reina", "Diosa". Entendeu? Mas às vezes eles se puxam na criatividade, e, com sorte, conseguimos escutar e entender tudo no tempo da passada (às vezes são tão longas que quando o cara termina de falar eu já estou do outro lado da rua).

Ontem, saímos eu e a Cris de casa no fim da tarde, para caminhar pelos parques da Recoleta, quizás dar uma corridinha até. Saio de tênis, fusô e uma regata verde limão. Eis que na esquina da Callao com Libertador, escuto de um papeleiro

"Uy, se ya es linda así de verde, imagináte cuándo madura".

Fator importante é que a maioria das argentinas não têm bunda, muito menos deixam à mostra o seria o quadril, usando sempre blusas longas ou calças largas. Foi numa dessas que escutamos (dessa vez não era pra mim)

"Que colita linda... ...bonbón!"

A propósito, chamar uma mulher de bombom por aqui não é nem vulgar nem brega.




sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

o tempo

o incômodo abraço cheio de receio
um adeus dramático
disfarçado de até logo
o desvio do olhar teimoso
suor de nervoso
as mãos geladas pela insegurança
os lábios abertos com alguma esperança
um beijo que quase foi roubado
revoada
as borboletas se foram
um ano e meio de euforia são arquivados
e a angústia de um ano se esvai
todas as sensações que afastam
e movimentos que aproximam
na duração de um abraço
dois minutos.talvez três.
...........................
.......................
..................
.............
.........
.....
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SAUDADE DO MEU PAGO

Morando numa cidade grande e enlouquecida como Buenos Aires, que tem as vantagens (cultura, gente do mundo inteiro, lugares diferentes, sempre novos, sempre abertos, permanentes, história, cada bairro uma vida, facilidade de acesso a tudo ou quase tudo, mistérios, novidades, uma infinidade de coisas a serem descobertas, eventos gratuitos, atrações internacionais, diversidade de atrações locais, etc.) e as desvantagens (barulho, poluição, estrangeiros demais, hostilidade, correria, estresse, engarrafamento, greves, colapso, escuridão, violência, sensacionalismo, etc.) de uma metrópole, a pessoa começa a sentir falta de certas coisas. Primeiro, por estar longe de casa, há momentos de muita saudade, saudade das pessoas queridas, saudade de muitos amigos ligando de todas as partes toda hora, todos os dias convidando pro aniversário ou churrasquinho ou comemoração de alguma coisa de alguém, saudade daqueles que sabem só pelo teu olhar. Segundo, porque em Baires se anda a pé, que saudades de pegar o carrinho no finde e sair por aí, sair dirigindo à toa, direção litoral ou campo ou serra, ou simplesmente um bairro mais calmo, perto do rio, pra tomar um mate e acalmar os sentidos. Terceiro, porque a cidade é muito iluminada à noite, quase não se vê as estrelas, e como eu sinto falta de olhar pro céu, procurar os satélites, ver estrelas-cadentes. Quarto, porque é muito barulho, especialmente morando a uma quadra de um hospital, é sirene de ambulância toda hora, e ônibus freando com as pastilhas gastas gritando. Quinto, porque as pessoas têm cachorros em apartamento e nem curtem eles direito, mandam o passeador levá-los pra rua entre mil outros cachorros na coleira, e os cocôs ficam nas calçadas esperando pra serem pisados.



SAUDADES DO CAMPO, DO SILÊNCIO, DO PÔR DO SOL E O NASCER DA LUA, DE ANDAR A CAVALO, DE TER MEU CÃO



Apelei ao Vitor Ramil, uma das minhas canções preferidas - Deixando o pago -, pra ver se alguém me entende...



Como é linda a liberdade

Sobre o lombo do cavalo

E ouvir o canto do galo

Anunciando a madrugada

Dormir na beira da estrada

Num sono largo e sereno

E ver que o mundo é pequeno

E que a vida não vale nada



Cruzo a última cancela
Do campo pro corredor

E sinto um perfume de flor

Que brotou na primavera.

À noite, linda que era,

Banhada pelo luar

Tive ganas de chorar

Ao ver meu rancho tapera



Falam muito no destino
Até nem sei se acredito

Eu fui criado solito

Mas sempre bem prevenido

Índio do queixo torcido

Que se amansou na experiência

Eu vou voltar pra querência

Lugar onde fui parido

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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

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