la vida no es una frutilla


terça-feira, 1 de julho de 2008

Tem o hábito de dormir sem calcinha. Desde pequena. Camisola do ursinho Puff (antes de ele virar Pooh), sem calcinha. Estava de férias, o que lhe dava o privilégio de ficar dormindo mais um pouquinho depois que ele saía. Quando a fome bateu, viu-se obrigada a levantar. Abriu a geladeira, sonolenta ainda, e susto! Tinha algo se mexendo dentro da geladeira. Mexendo assim, rapidinho. Fechou. Abriu de novo. Puta merda, uma barata dentro da geladeira! Como é que a desgraçada foi parar dentro da geladeira? Desde que se mudaram para aquele apartamento, era aquele festival de baratinhas. Viram nascer toda ninhada, surgindo por cima do balcão da pia. Filhotes de barata são pretinhas, como um inseto qualquer, mata-se sem nojo. Mas a da geladeira já era adulta. Média. Mas já era marrom com antenas enormes e patinhas peludas, nojenta. Andava por dentro da gaveta das verduras. Dizia a zeladora que as baratas do apartamento eram herança dos chieneses que moraram ali antes, que não eram muito chegados a tirar o lixo. Não que chineses sejam porcos, mas aqueles, que tinham habitado o recinto antes, apreciavam as cucarachas. Bem, ela identificou a inimiga dentro da geladeira e rapidamente tirou o chinelo, disposta a matá-la. Estava sozinha, tinha que ser valente. De repente parou. Um chinelo no pé, outro na mão, camisola do ursinho Puff. Sem calcinha. Não, não podia matar uma barata sem calcinha. Nojento demais. Vai que a barata se assusta, voa, pousa bem ali? Fechou a geladeira. Calçou de volta o chinelo, foi se vestir. Nada a ver com os ursinhos da camisola, tinha era que botar uma calcinha. E já que estava se armando, pegou outro chinelo, assim teria os dois pés calçados para pisotear a barata, se preciso fosse. Agora sim, aquela desgraçada ia ver! Ora, entrar assim na geladeira dos outros. Abriu a geladeira decidida. Não a viu. Mexeu devagar na gaveta das verduras, arrá!, ali estava ela. Festival de movimentos imprecisos com o chinelo pelos cantos da gaveta. Medo de quebrar a geladeira ou de fazer a barata voar. Medo de esmagar a barata dentro da geladeira e ter que limpar. Passaria uma semana sem conseguir comer nada de dentro da geladeira. Sem poder guardar nada na geladeira. Saiu. A barata saiu de dentro da gaveta de verduras, foi correndo pelo lado de fora, e sumiu. Entrou no vão entre a geladeira e o armário (a geladeira era imbutida no móvel da cozinha, como se fosse um armário mesmo). Lá se foi, produzir novos filhotinhos. Ela nunca mais abriu a geladeira sem calcinha.

3 comentários:

Paula disse...

blecs...

alice disse...

ugh!

Pedro Lunaris disse...

que imagens.

a barata realmente não conseguiu espantar o Puff feliz da minha imaginação de menino.

ai, ai...

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