la vida no es una frutilla


quinta-feira, 17 de julho de 2008

¡It's good to be happy!

Mais um lindo dia de sol e calor em Buenos Aires. Saio de bermuda, tenis, a camiseta da 'vaca que se ríe' e o inseparável casaquinho verde puma. Hoje nao vou tomar café no Liber da esquina, quero descobrir outros cantinhos. Hum, café padaria e confiteria, aconchegante, é aqui mesmo. Cheirinho de media-luna saindo do forno. Un café crema (con leche) y una media-luna, por favor. ¿Manteca o grasa? Manteca, aquela bem melada e doce. Amanha comeco a dieta. Um velho amarra seu cachorrinho do lado de fora do café e entra. Nao consigo identificar a raca do perro. ¡Good morning! ¿How are you? ¿Oi? ¿É comigo isso? Que que faz esse velho pensar que falo ingles, penso. Ele insiste, depois do meu tímido buenos dias. ¡Nice hat! Gracias. ¿Are you happy? ¡Yes, I'm happy! (quem nao estaria, acordar em Buenos Aires e tomar un café con media luna na Recoleta). Velho loco. Nao para de puxar assunto. ¿Are you a student? Sim, com essa bermudinha e este boné, só posso ser estudante. A cara amassada me entrega. I'm a psychologist. Cagada, nunca identifique-se como psicóloga a um homem. Ou ele vai ter medo da tua bola de cristal, ou, mais provável, dirá ¡A psychologist! I need someone who listens to my problems, ¿can you be my psychologist? Nao, velho tarado, eu nao tenho tempo para ser tua psicóloga, visto que estou aqui para estudar. Es-tu-dar, ¿entendeu? Mas o velho quer ser útil. You know, the owner of this restaurant has some apartments around here to rent for students, maybe he has one for you. Obnrigada, perguntarei por ele numa outra hora, quando o senhor nao estiver por aqui - o velho nao cala a boca, tadinho. Me conta que tem uma casa no countryside em NY, um apartamento na Recoleta e uma casa no country club de Buenos Aires. E um poodle. Feio. Usa um anel brega de ouro amarelo e brilhantes no dedo. O poodle cinza, velho como o dono, caga no meio da calcada. Claro que ele nao limpa. La cuenta, por favor. ¡No, it's on me, I insist! Gracias, pero no. It was nice meeting you. He hopes to see me around in the neighborhood.
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OK, meu primeiro contato em Buenos Aires foi com um velho americano ex-stock broker.

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À noite fui melhor. Eu e as gurias fomos ao nosso primeiro evento psicanalítico. Ironicamente, no auditório da Alliance Francaise (eu que passei a tarde pensando como Buenos se parece com Paris em tantos aspectos, me sinto em casa). Lancamento do livro La eficacia del psicoanálisis, com participacao do nosso tutor José Zuberman, nosso Papai Noel porteño. É um velhinho querido, que nos orienta e dá supervisao aqui. Arreglamos una cita en su consultoria el Martes 29 a la tarde. El 22, si quieren, hay un seminario de Karothy a la Escuela*, a las doce. ¡Sim, sim, aí já conhecemos a Escuela! Agora sim, Buenos Aires.


*Esculela Freudiana de Buenos Aires (EFBA)

6 comentários:

Anônimo disse...

Para uma psicologa você parece julgar demais as pessoas a primeira vista...
Talvez seja só um senhor solitario querendo conversar com alguém e não um tarado, um louco...
Psicologos, vai entende-los !!!
(Desculpe a sinceridade, mas não conheço nenhum que seja "normal")

alice disse...

coisa boa não ser normal.

Anônimo disse...

Concordo com vc alice, coisa boa não ser "normal"...
Vc levou para outro lado o meu "normal", mas eu adorei porque pode ser interpretado assim mesmo...
Só que acho que esse "coisa boa não ser normal" serve para artistas, musicos, pensadores, escritores e não para profissões ditas e vistas mais como "caretas" como médicos, engenheiros, psicologos, que exercem uma posição em relação a um outro individuo...
Ou vc se colocaria a disposição para ser analisado por um louco, alguém muito mais comprometido psicologicamente que vc?
Sei que para a psicologia não existe a palavra normal e por isso escrevi entre aspas...
O que eu quis dizer com o normal ali em cima é que não consigo entender como uma pessoa comprometida possa analisar um paciente por ex.
Não estou julgando a Maria, pode acreditar que gosto dela e do seu jeito de ser, mas não consigo ve-la como psicologa...
Mas isso é uma opinião minha !
Tenho amigas que se formaram psicologas e piraram, tornaram-se outras pessoas, mudaram seu jeito expansivo, alegre de ser, para se tornarem psicologas caretas, sem brilho...Tb nao acho isso legal...Mas acho que existe um meio termo, uma psicologa tem que ter parcimonia, bom senso, dissernimento, entre outras coisas para atender seus pacientes...
De qualquer forma mesmo que eu esteja errada nesse quisito, vc vai ter que concordar comigo que a Maria foi arrogante, preconceituosa e no minimo grosseira com as palavras no texto que eu me referi falando sobre o senhor que ela encontrou em Buenos Aires...

Super disse...

a maria foi bem-humorada.
e foi maria, nao psicóloga (encontrei o velho num café e nao no consultorio.e escrevi uma cronica, nao um diagnóstico)

mas que bom, tenho diversidade de leitores e de opinioes, e quem sabe este será o post com mais comments do blog!!

quanta vida! eba!

Anônimo disse...

Costumo ouvir tb esse tipo de comentário dos psicologos que conheço :
"foi eu (nome) e não a(o) psicologa(O)"...
Mas vc é a Maria que entre tantas coisas é psicologa, esse titulo cabe a vc e não se separa em nenhum momento, é sua profissão, não dá para ser simplesmente a Maria sem ser a psicologa, já esta intrinseco em vc... Entende?
Vc não é psicologa só no consultório...Quando o sr perguntou sua profissão, vc não respondeu psicologa? Então...
Mas deixa pra lá !
Que bom que vc levou na boa, pois realmente foi na boa que eu comentei...
Gostei!!
Parabéns
E será realmente o post mais comentado...rsrsrs

alice disse...

hehehe...
seguindo o post mais comentado do blog...

é engraçado esses conceitos que temos: psicólogo é assim, ou é assado... quem pode enlouquecer é o artista, mas o psicólogo não... por que não? um louco é "comprometido"? pra mim é o cara mais descomprometido (com o mundo)... a gente é que fica escrevendo esses textos enormes se explicando, como se comprometidos com algo (afinal, estamos).
talvez não se trate de profissões ou pessoas que tenham ou devam ter essências mais ou menos adequadas, e sim de fazeres, operações.
como poder usar, por exemplo, a invenção do mundo própria do louco para operar uma clínica da invenção de si? ou o ato artístico para produzir análise em um grupo? a arrogância e sagacidade do cronista para provocar os leitores do blog?
roubemos os movimentos que estão aí! tomemo-los e imprimamos a eles nosso estilo, nossas funções e quereres! melhor fazê-lo com algum cuidado, isso é certo. mas o que importa é a direção ética disso, seja quais forem nossas práticas: a vida.
fazer dela uma obra de arte.

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